História da microscopia
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| [Imagem: Zacharias Jassen] |
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| ["Animales", by Van Leeuwenhoek] |
A capacidade de ampliação foi evoluindo em consequência do
aperfeiçoamento das lentes. No séc. XVII, Antonie Van Leeuwenhoek
(físico holandês) desenvolveu o microscópio simples capaz de ampliações
de até 200x e medindo apenas 6,7 centímetros, com o qual o cientista fez
a primeira observação de bactérias, às quais na altura deu o nome de
protozoários. Durante o séc. XVIII o microscópio tornou-se um objeto em
moda, sendo fabricado por artífices com feitios e decorações ao gosto
dos clientes, originando autênticas obras de arte e decoração. Ainda
neste século, o microscópio passa a fazer parte do processo de ensino
das classes nobres e ricas da sociedade.
No entanto, mau grado os sucessivos aumentos de ampliação, as imagens
obtidas continuavam a ser de qualidade inferior, devido às dificuldades
em eliminar as aberrações cromáticas e distorções resultantes de
imperfeições das lentes. Apenas no século XIX, com o aperfeiçoamento dos
sistemas de fabrico de lentes, se conseguiu atingir o limite de
resolução máximo possível utilizando luz visível. Surgem também neste
século os primeiros microscópios binoculares (duas oculares em vez de
uma só). Para a melhoria das imagens obtidas com o microscópio ótico,
foram também fulcrais os desenvolvimentos verificados no campo da
preparação do material biológico para observação, nomeadamente, as
técnicas de coloração específica de organelos e estruturas celulares, de
fixação, de inclusão e de corte. Os primeiros ateliers especializados
no fabrico e comércio dos microscópios surgem em meados do século XIX,
sendo de destacar o de Camille-Sébastien Nachet, inaugurado em Paris em
1835, e o de Karl Zeiss, inaugurado na Alemanha em 1846.Em consequência do desenvolvimento da microscopia, foi possível a
observação e descoberta de inúmeras estruturas e seres vivos
microscópicos até aqui desconhecidos, como bactérias, protozoários e
leveduras. Também graças ao desenvolvimento da microscopia, em 1835,
Schleiden e Schwann, propõem as bases da teoria celular, primeiro grande
princípio unificador da biologia, o qual postula que todos os
organismos vivos são constituídos por células, sendo estas as unidades
estruturais e funcionais dos mesmos.
Já no século XX, surgem novas variantes do microscópio ótico, sendo de
destacar a invenção do microscópio de contraste de fases (Zernicke,
1941) e o de contraste diferencial (Normanski, 1952).
O
aperfeiçoamento do microscópio ótico foi conduzido até um ponto tal que,
a única limitação era o grande comprimento de onda da radiação (luz
visível) utilizada para iluminação, este obstáculo impedia a obtenção de
um maior poder de resolução. Esta dificuldade levou os cientistas a
procurarem um modelo de microscópio que usando outro tipo de radiação
para iluminação (com menor comprimento de onda que a luz visível)
permitisse aumentar ainda mais a resolução. Em 1924, o físico Louis de
Broglie, constata que um feixe de eletrões apresenta um comportamento
idêntico aos raios luminosos, mas com um comprimento de onda 10.000x
menor, o que lança, os fundamentos da microscopia eletrónica,
conjuntamente com a teoria do efeito de foco de um campo magnético ou
eletrostático sobre um feixe de eletrões, desenvolvida em 1926 por Hans
Bush, investigador da Universidade de Jena, a qual prova que é possível
focar um feixe de eletrões com lentes magnéticas cilíndricas. Estavam
assim elaboradas as bases teóricas do microscópio eletrónico, sendo o
primeiro aparelho construído em 1931/1932 por Ernst Ruska (Prémio Nobel
da Fisíca em 1986) e por Max Knoll. Em 1933 o microscópio eletrónico
ultrapassava já o limite de resolução do microscópio ótico. No entanto,
só após a Segunda Guerra Mundial o microscópio eletrónico se desenvolve
em pleno, constituindo-se o Elmskop I, desenvolvido por Ernst Ruska e
Bodo Van Bonier nos laboratórios da Siemens, como o mais famoso dos
primeiros microscópios eletrónicos.
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| [Imagem: Ernst Ruska] |
Fonte: História da microscopia in Artigos de apoio
Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2017. [consult.
2017-03-13 22:39:39]. Disponível na Internet:



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